“As Grandes Festas de Fafe e o Monumento aos Mortos da Grande Guerra”
«As festas de 11 e 12 de Julho de 1931 ficam bem gravadas na memória de todos pelo significado cívico que tiveram – A inauguração do monumento aos Mortos da Grande Guerra e o aparato bélico que a revestiu.
A comissão das Grandes Festas de Fafe que foi a iniciadora deste Monumento que aí fica a perpetuar a memória dos que morreram na Grande hecatombe, levou com brilho a cabo a sua missão.
A Câmara, que aproveitou a ideia de realizar uma obra justa e que depois se prontificou a custear todas as despesas, é, como aquela, digna de aplausos.
As Festas da véspera já estiveram belas, mas, as do dia 12, foram brilhantíssimas.
Concorreram a elas milhares e milhares de pessoas de longe e de perto, tão atraentes e grandiosas são já, de tanta e justificada fama gozam, precisamente, no país.
Festas de Fafe, senhora de Antime!
Fafe, terra bela já em si, cheia de encantos naturais, vestiu-se de galas, desses ornamentos preciosos que Constantino Lira sabe empregar para actos solenes, os quais juntos às belezas naturais, a tornavam mais maravilhosa ainda.
Agradáveis os festivais de sábado no Bairro Operário de Antime e no Jardim do Calvário.
Pitoresco o grande arraial de Domingo na Vila, com as suas tendas e diversões.
Aparatosa a chegada de Caçadores 9 e da Banda do 8. Recrudesce o entusiasmo, a alegria, porque surge a procissão e aparece então, a famosa imagem da Senhora de Antime acompanhada por uma interminável multidão de devotos.
Veículos, de todos os lados, vêm às dezenas, comboios sempre apinhados.
É que se aproxima a hora da inauguração do Monumento e todos querem assistir.
Não se cabe no vasto Largo.
Tudo se prepara, pois, para o momento solene. Chegam os Senhores Ministros do Interior e da Guerra que são recebidos nos Paços do Concelho. Pouco depois, é o descerramento, perante elementos oficiais militares e civis, associações, colectividades etc. com calorosas salvas de palmas da imensa assistência, executando-se nessa ocasião, as 6 bandas a Portuguesa e estrondeando no ar profuso fogo.
Agrada o discurso do Capelão Militar da Grande Guerra Ver. José Pinho, todo alusivo ao acto e manifestamente patriótico.
Depois regressa a procissão a Antime, juntando-se no Lombo, para assistir ás despedidas e ver queimar o tradicional castelo, uma compacta multidão.
E, por fim, enquanto o banquete em honra dos senhores Ministros e das autoridades superiores do distrito corre, As iluminações do lira de Felgueiras brilham, os fogos de Lanhelas sobressaem e as bandas vibram sons de entusiasmo e alegria.
O regresso dos visitantes é pelas 2 horas. Surpreendente fogo preso inicia a sua queima às 3 e o bouquet rematante ilumina os ares pelas 4 horas, lindo, multicolor.
No entanto, as musicas prosseguem nos seus coretos, o povo continua divertindo-se em danças e descantes e, quando vê o sol despontar, é que se lembra que as festas terminaram. Recolhe então a casa, mas não sem saudades…
E da forma como decorreram a recepção na Câmara e o banquete, já o disseram os grandes diários de Lisboa, Porto e Braga, o que supérfluo é repetir.»
“O DESFORÇO”, 23 JULHO 1931